De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma pessoa saudável não é só aquela que não tem doença. Apresenta, também, um estado geral de bem-estar, está feliz e em paz. O primeiro predicado pode depender da influência genética e os demais das escolhas acerca de alimentação, trabalho, amizades, relacionamento afetivo, práticas de exercício físico e padrão de vida.
Assim como uma alimentação não balanceada, um padrão de vida financeira desequilibrado pode destruir sua saúde. Imagine alguém que, tendo muito dinheiro, decida ter uma casa bem simples, não ter carro nem empregados, ficar em casa para não gastar, vestir-se de qualquer jeito – tudo para acumular dinheiro. Possivelmente, ela não usufrui de seus bens, não distribui sua riqueza, tem poucos amigos e pode ser, reconhecidamente, rotulado de pão-duro e chato.
Agora pense em alguém que, também com muito dinheiro, age ao contrário. Tem uma casa grande e luxuosa, empregados, carros nada populares, freqüenta lugares badalados e veste-se conforme os últimos ditames da moda. Não tem o objetivo de acumular riqueza. Possivelmente, aproveita ao máximo o que tem, vive o hoje com intensidade e prazer; é o “gente boa”, vive rodeado de amigos, dá tudo o que é pedido aos filhos, parentes e amigos.
Qual dos dois vive bem? É difícil responder, principalmente porque não conseguimos entrar no íntimo de cada um para perceber seus critérios e valores e quão felizes e realizados estão. Às vezes, o que acumula dinheiro também acumula uma carga de tristeza tremenda, fazendo cumprir a velha crença (eu disse crença) de que dinheiro não traz felicidade. Por outro lado, o que desfruta, e gasta tudo, pode trazer consigo uma pressão muito grande com os dias vindouros, relacionada à necessidade de trabalho intenso para manter o padrão de gastos e uma incerteza com relação à velhice.
Buda disse que o que mais o surpreendia era a capacidade dos homens em perder a saúde para ganhar dinheiro e depois gastar dinheiro para recuperar a saúde. É a história do cachorro que corre atrás do rabo e não vai a lugar algum. Quem escolheu um padrão de vida desequilibrado não vai sair do lugar. O que não gasta pode estar acumulando doenças em razão da tristeza. O que gasta demais pode provocar doenças pelas preocupações com o futuro.
E você, planta doenças ou saúde? O seu padrão de vida está equilibrado? Aonde quer chegar? Tem feito escolhas para balancear trabalho, ganhos, gastos e acumulação de capital? Por acaso tem percebido perda de vitalidade física e um aumento gradual do sentimento de angústia, tristeza e/ou insegurança? Tem tido medo de não dar conta das responsabilidades, de ser despedido ou de perder uma gratificação?
Se isso está acontecendo, fique alerta: analise seu padrão de vida, que pode estar muito acima ou abaixo de suas reais possibilidades. Lembre-se: riqueza nada tem a ver com alto padrão de consumo ou com contenção extrema de gastos, e sim com o equilíbrio entre o que você recebe, gasta e poupa.
Para saber se o seu padrão de vida está equilibrado, veja não apenas sua conta bancária, mas a quantidade de prazer que tem na vida, a qualidade das suas amizades, a quantidade de amor dado e recebido. Enfim, verifique se está vivendo de modo tranquilo, feliz, divertido, relaxado e equilibrado, de acordo com seus critérios e valores pessoais.
Autor: Rogério Olegário Do Carmo