Há alguns anos, elaborei um planejamento para um jovem fazer a viagem dos sonhos dele. Recomendei a aplicação de apenas R$ 30 por mês na caderneta de poupança. A quantia pode parecer irrisória, mas era tudo de que ele podia dispor em seu apertado orçamento naquela data. Essa quantia mensal foi retirada de um gosto pessoal: a compra diária de uma barra de chocolate. Não que eu tenha proibido o rapaz de comer a guloseima. Apenas aconselhei que a comprasse em local mais barato, e não diariamente, mas em dias alternados. Dessa forma, o custo menor, aliado à metade da frequência, permitiu chegar à quantia estipulada.
Feitas as contas, meu jovem cliente precisaria esperar um pouco para realizar a sonhada viagem. Apenas a diferença entre as nossas idades, na época, aproximadamente 25 anos. Inicialmente, ele reclamou que seria necessário esperar muito e que, até lá, estaria velho demais para viajar, mas foi contestado imediata, direta e incisivamente com uma pergunta: “Está me chamando de velho?”.
Sem graça e convencido de que aos cinquenta anos teria perfeitas condições de fazer a tão sonhada viagem, afirmou: “Como é incrível a força de pequenos valores”. Surpreso? Então observe que trabalhamos apenas com um item do orçamento, a barra de chocolate. Agora faça uma análise cuidadosa e descubra quantos itens de baixo valor como esse existem no seu orçamento pessoal, sem que você sequer os perceba. Imagine a força de todos juntos e pense aonde quer chegar. Que tal outra viagem dos sonhos, a casa própria, o belo carro e culminando com a aposentadoria milionária? Está longe do seu alcance? Que nada. Dê reconhecimento aos pequenos valores, essa é a regra.
O fato é que não nos acostumamos a cuidar dos pequenos gastos e, em alguns casos, nem dos grandes. Achamos que pequenos valores não significam nada para o orçamento doméstico e não prestamos atenção a eles. A questão não é o valor em si, mas a frequência com que as pequenas despesas aparecem em nosso orçamento mensal. E nelas residem as maiores oportunidades de ajustes, inclusive com a ajuda de suas moedas. Sim, as moedinhas… onde as suas estão? No cinzeiro do carro? No fundo da bolsa? Em uma gaveta de casa? Ou você não pega as moedas de troco? Faça as contas e perceba a força delas. Afinal, o que sustenta tantos flanelinhas espalhados pela cidade?
Costumo fazer um teste e pedir às pessoas que informem que têm uma conta de R$ 717,50 a pagar, completando a frase “tenho uma conta de … para pagar amanhã”. Quando a resposta é “tenho uma conta de ‘setecentos paus’ para pagar amanhã”, afirmo que dois pecadinhos foram cometidos. Um foi desprezar R$ 17,50 e o outro foi desprezar a nossa moeda, substituindo o nome dela por uma alcunha qualquer. Em outro caso, mais grave, quando a resposta é “tenho uma conta de só setecentos reais vencendo amanhã”, peço para que tome muito cuidado. Nesse caso, a palavra “só” à frente do valor pode significar que está sendo desprezada uma quantia que, dependendo do tempo, pode deixar alguém aposentado e milionário. Sim, você pode. Desde que valorize seu dinheiro e saiba muito bem utilizá-lo e investi-lo.
Preste atenção! Cuide do dinheiro e, por conseqüência, do seu futuro. Sua qualidade de vida agradece. Além disto, valorize o seu, o meu e o nosso dinheiro. Proteja, defenda, cuide do real, afinal, ele é um dos símbolos do Brasil, como o Hino e a Bandeira Nacional.
E o meu jovem cliente? Ele está fazendo as malas para a sua terceira viagem. Descobriu que havia em seu orçamento muitos “chocolates” e mais, se qualificou e recebeu uma bela promoção no trabalho. Hoje ele investe cem vezes mais que há alguns anos e já atingiu a quantia necessária para boa parte de seus projetos.
Autor: Rogério Olegário Do Carmo