As festas de fim de ano aproximam-se e com elas a euforia das compras. É presente para a mulher, para os filhos, para a sogra, para o chefe e até para o cunhado. E quando você se dá conta, a conta corrente já estourou e você entrou no cheque especial ou gerou uma fatura enorme no cartão de crédito para o próximo mês. Mas você está tranquilo. Afinal, vem por aí o velho conhecido dos assalariados – o 13º salário. Se por um lado ele aparece como um aliado, por outro ele pode se tornar o grande vilão da sua vida financeira.
Deixe-me explicar. Eu gosto da “girafa” (meu pai chamava assim o seu 13º salário). Sou militar da reserva da Força Aérea e recebo meu 13º em dois momentos, metade em junho e metade em dezembro. Isso, para mim, é ótimo, mas para muitas pessoas, isso é péssimo. Calma de novo. Não estou falando do dinheiro recebido, e sim do problema que pode ser provocado pela forma de receber e de usar a “girafa”.
Isso porque ela cria o mau hábito, entre a maioria dos assalariados, de não se planejar para absolutamente nada. Aquele papo de “não é necessário se organizar, tudo se resolverá quando o 13º chegar”. Uma verdadeira dependência. Com esse pensamento, pega-se empréstimos ou adianta-se o recebimento do 13º com a rede bancária – quando ele de fato chegar, vem a recuperação, acredita-se.
Normalmente, quem conta com o 13° não faz planejamento e provisão financeira para os presentes de fim de ano, a ceia do Natal, a roupa nova do réveillon, a viagem de férias. Vira o ano e também conta com ele para a compra do material escolar da garotada e para pagar o IPTU e o IPVA. “Planejamento é bobagem, usarei o 13º para pagar todas essas despesas”, pensa o assalariado.
A essa altura, você que leu até aqui, já deve ter pensado em suas contas e percebido que o 13º não vai render até o começo do ano, naturalmente. E isso não acontece só com você. Observe as reportagens de TV ao final de todo ano. As matérias são as mesmas, as perguntas são as mesmas: “O que fazer com o 13º?”, “Como resolver as despesas ‘extras’ de fim e início de ano?”.
A resposta à primeira questão é simples: utilize-o para pagar dívidas e, se não der para quitar todas, antecipe o máximo das prestações, da última para a primeira. Para a segunda, mais simples ainda: quem disse que essas despesas são extras? Se até mesmo as reportagens sobre esse tema são iguais a cada ano, por que as despesas não o são? Logo, para enfrentar essa fase de gastos concentrados, planeje-se mês a mês, para as despesas futuras, todas previstas, que acontecerão no fim do ano e início do ano seguinte.
E se você continuar achando que não é necessário planejar e continuar contando com o 13º salário, ou não dispõe de recursos para investir mensalmente nas suas despesas futuras, ainda tem chance de acertar na Mega-Sena ou de pedir ajuda ao Mandrake, ao David Copperfield ou ao papai Noel para não se enrolar no começo do ano que vem.
Quanto ao 13º salário, penso que ele deveria ser pago em 12 suaves parcelas mensais. Quem sabe, a população passaria a se planejar melhor e deixaria de contar com ele para resolver todos os seus problemas, transformando-o num verdadeiro aliado.
Autor: Rogério Olegário Do Carmo