Essa é uma das perguntas mais recorrentes que me fazem. Alugar, respondo rápido. Entretanto, como a maioria das pessoas não concorda, entabula-se animada discussão que, normalmente, encerra-se quando apresento números.
Algumas pessoas querem ter uma casa para satisfazer alguma necessidade emocional, como segurança. É a certeza de ter um teto. Outras querem demonstrar status e receber a admiração da família ou dos amigos. Há ainda quem queira satisfazer a necessidade de pertencimento, listando-se no grupo dos moradores do bairro A ou B. Esses, normalmente, alegam que “aluguel é dinheiro jogado fora”.
Para satisfazer essas necessidades, compram a casa à vista, perdendo parcelas significativas de rendimento dos seus recursos ao tirá-los do mercado financeiro. Outros financiam a compra da casa própria, mas arcam com juros excessivos e comprometem boa parte do orçamento. Como o prazo desse tipo de financiamento é muito longo, torna-se difícil prever como serão a renda, as taxas de juros e a inflação no futuro, o que aumenta o risco de inadimplência a longo prazo.
Existem pessoas que pensam o contrário. A casa é necessária – serve de moradia – mas ser dono não é fundamental. Essas pessoas, normalmente, são seguras de si. Não precisam de demonstrações externas de status e nem da necessidade de pertencimento. Elas consideram que “comprar imóvel é jogar dinheiro fora”.
Sim, em muitos casos isso é verdade. Imagine um apartamento de R$ 450 mil cujo aluguel vale R$ 1,8 mil. Com o valor do imóvel aplicado em um fundo – com taxa de juros média de 0,57% ao mês – ela poderá render R$ 2,586 mil, dinheiro mais que suficiente para pagar o aluguel e ainda reinvestir o restante. A diferença de R$ 786 por mês investida no mesmo fundo, dará ao seu detentor, em vinte anos (tempo médio de um financiamento imobiliário), a quantia aproximada de R$ 400 mil. Imagine o que poderá ser conseguido no caso de uma aplicação mais rentável. Considerando que o tempo em questão é longo e que, nesse prazo, minimizam-se os riscos do mercado acionário, pode-se projetar um resultado médio de 1% ao mês. Durante o período em questão, poder-se-á chegar a mais de R$ 770 mil.
Outras vantagens em ser inquilino são não pagar taxas condominiais extras e ter liberdade para mudar o dia que quiser. Imagine um vizinho inconveniente morando ao seu lado ou no andar de cima. Imagine a empresa que você trabalha se transferindo para o outro lado da cidade. Que tal administrar melhor o seu tempo e dar mais qualidade à sua vida? Mude seu endereço.
Precisamos trocar o conceito de segurança financeira pelo da liberdade financeira. Essa não é conseguida por meio da aquisição de bens, e sim da portabilidade ou liquidez de seus ativos. Afinal, como diz um amigo meu, “não dá para vender o banheirinho da empregada para trocar de carro”. Pense nisso.
Autor: Rogério Olegário Do Carmo