Está chegando o fim do ano e, salvo raras exceções, possivelmente você está muito atrasado. Não para as compras, mas para o que as antecede: o planejamento financeiro.
Planejamento financeiro para as compras de Natal? Sim. Para os presentes, o peru, o vinho, a roupa e as outras despesas que todo ano chegam com o réveillon: viagem de férias, IPTU, IPVA, material escolar, carnaval e, fechando o ciclo, em abril, o imposto de renda e o seguro do carro. Essas despesas são suficientes para comprometer os meses seguintes, decretar o fim do orçamento e, em muitos casos, o fim do mundo.
Então, em Dezembro, com o povo “no aperto”, bombardeado pelas propagandas e cobrado pela sociedade para comprar, presentear e consumir – sem dinheiro para isso – vêm as dicas sobre “como resolver os gastos extras de fim e início de ano”.
Não é minha intenção ir contra as festas, presentes, viagens. Pelo contrário, gosto de todo esse burburinho de fim de ano e também de algumas dicas. O que desejo é chamar a atenção sobre dois erros comuns nesses casos: O primeiro é achar que os gastos de fim e início de ano são “extras”; o segundo, buscar uma solução no mês em que o problema aparece.
Esclareço que “gastos extras” são frutos de falta ou de mau planejamento financeiro. Os meses seguem seu curso ano após ano, até as reportagens sobre o tema são recorrentes. Logo, você pode planejar antecipadamente todos os seus gastos, mesmo aqueles que ocorrem uma vez por ano ou, até mesmo, uma vez em sua vida.
É simples. Basta determinar o valor que será destinado ao gasto e quando o gasto será realizado. Escolha, em seu banco, uma aplicação financeira e projete a sua rentabilidade futura, já descontada a inflação e os impostos. Também, no site de seu banco, abra em simuladores financeiros a calculadora que lhe permita calcular aplicações mensais para atingir um valor futuro. Nela, insira o valor planejado do gasto, o tempo, em meses, até o dia de sua realização e a taxa de retorno projetada. A calculadora lhe informará qual o valor que você deve investir, todos os meses, até a data do gasto. O Librattum também poderá lhe ajudar com estes cálculos.
Faça isso para tudo o que vem pela frente, invista os valores encontrados regularmente e aproveite os juros a seu favor enquanto faz a provisão total. Quando chegar o Natal, o carnaval, a festa de aniversário, a data da viagem, nada de gasto extra. Será gasto planejado! Nada de aperto. Você terá todo o dinheiro em mãos sem comprometer os meses futuros.
Os grandes impeditivos do procedimento descrito são o desconhecimento geral sobre aplicações financeiras e o fato de se colocar mais alguns compromissos financeiros em sua conta mensal, dando a você a impressão de que falta dinheiro. Se isso acontecer é sinal de que você está com um padrão de consumo superior às suas reais possibilidades, pois queira ou não, os gastos futuros já estão em sua conta.
A questão agora é decidir se você vai querer ganhar juros fazendo a provisão futura ou pagar juros, financiando em dez vezes a sua conta do Natal, das férias, do material escolar, do carnaval, e até os impostos…
Autor: Rogério Olegário Do Carmo