Quando falamos sobre mesada, costumamos focar inicialmente nas questões relacionadas à dinheiro. É importante ressaltar que ela tem um caráter mais educativo que propriamente monetário. É uma das formas que os pais têm de ensinar aos pequenos, como lidar com o dinheiro e evitar assim, uma série de complicações na vida adulta. Limitar a função pedagógica da mesada, apenas com dinheiro, pode prejudicar mais do que ajudar. Precisa fazer sentido e servir para nos ensinar lições que levaremos para vida toda.
A primeira questão que precisa ser esclarecida é sobre a sua obrigatoriedade. Somente dê mesada quando o orçamento familiar comportar. Como um dos objetivos da mesada é que aprendamos a lidar com dinheiro, será incoerente você dar um dinheiro agora, que fará falta depois. Outra questão importante é o valor dela. Precisa ser adequando a realidade do mundo dos pequenos. Geralmente o valor que eles conseguem administrar é menor do que nós adultos imaginamos. Identifique o preço das coisas que a criança costumeiramente realiza em sua faixa etária e mantenha a mesada nesse patamar. Também não se deve trocar mesada por afazeres domésticos ou bom rendimento na escola. Estas atividades fazem parte das obrigações que eles têm e devem ser cumpridos, independente de recompensa. Do contrário, as crianças associarão que tudo na vida têm uma compensação financeira.
Logo cedo, antes mesmo de começarem a ganhar mesada, quando estiverem por volta dos 5 anos, é preciso ensiná-los a identificarem as diferenças de cores, tamanhos, formas, qualidade de produtos e outras caraterísticas. Isto fará com que sejam capazes de perceber as diferenças entre preço e valor das mercadorias e saber distinguir se algo está caro ou barato.
É possível também, quando tiverem mais idade, por volta dos 10 anos, ao invés de dar mesada, dar semanada ou quinzenada. A noção de tempo nessa idade ainda está se formando, e um mês pode ser uma medida de tempo muito abstrata e mais difícil de absorver. Aos poucos, pode ser estendido o prazo. Com esta mesma intenção é importante alternar o valor na hora do pagamento, para se acostumarem a situações de ganhos variáveis. Em optando por uma carreira autônoma ou em abrir um negócio próprio a criança estará mais adaptada as oscilações de renda que este tipo de situação está sujeito.
Quando a criança atingir a adolescência, é possível incluir no valor da mesada, além das pequenas atividades como cinema, parque, sorvete etc., o valor do curso de inglês, mensalidades da natação, da escola, entre outros. É fundamental repassar algumas responsabilidades para que eles administrem seu universo acostumando-se com o que a vida adulta nos reserva. Acompanhe esta evolução de perto, orientando e corrigindo possíveis erros. Aos poucos, se afaste e mantenha o monitoramento à distância. Assim fará com que ele tenha mais chances de ser um adulto bem-sucedido financeiramente pois, é melhor “falir” aos 16 anos tendo os pais por perto do que, aos 50 anos, sozinho.
Permitir que seus filhos aprendam a lidar com dinheiro, fará com que eles possam viver de maneira mais próspera e equilibrada, um futuro promissor, maduro e cheio de oportunidades.
Autor: André Gustavo Fröhlich