…Diziam nossos avós. Entretanto, mesmo com a passagem do tempo e as mudanças vividas, grande parcela da população brasileira continua pensando como eles: buscando estabilidade financeira nos imóveis. Soma-se a isso a pressão da família e dos amigos, a necessidade de demonstração de status, a falta de paciência típica dos jovens e lá vai o casal, recém-casado, comprar sua casa própria.
Seria este o momento adequado? A resposta, do ponto de vista financeiro, é quase sempre ‘não’. Mas as emoções e o senso comum, nessa hora, falam mais alto, “afinal, todo mundo está comprando”; “os preços, que já estão altos, vão subir ainda mais”; “se eu não comprar agora não compro nunca”; “não quero perder a valorização, que vai ser enorme”. Esses argumentos são típicos de um raciocínio inflacionário e se “todos” pensarem assim, vamos criar um grande problema para a economia.
Normalmente, esse modo de pensar ainda traz outras justificativas: “é melhor pagar prestação de algo meu do que pagar aluguel”; “se eu não criar um compromisso com uma prestação qualquer, não consigo guardar dinheiro”; “aluguel é dinheiro jogado fora”. Lembrem-se, os tempos mudaram: pagar juros, sim, é jogar dinheiro fora.
Mas, afinal, qual é a melhor hora de se comprar um imóvel? Diria que a ocasião sensata é quando você tiver o tamanho de sua família definido e o dinheiro para pagá-lo à vista. Até lá, more de aluguel. Há exceções, é claro, como no caso das pessoas de baixa renda. Geralmente, nesses casos, o valor do aluguel é mais alto que qualquer financiamento subsidiado. Para confirmar, simule o financiamento do imóvel que você deseja e compare com o valor do aluguel para o mesmo imóvel.
Em uma simulação de compra de um imóvel de 400 mil reais, cujo aluguel era de 1,5 mil, para um casal nascido em 1980, com renda de 10 mil mensais, os valores obtidos (aproximados) foram os seguintes: entrada de 200 mil (50% do valor), 1ª prestação 3 mil e última prestação (tabela SAC) de 1 mil, em um prazo de 15 anos.
Imagine que esse casal resolva trocar o financiamento do imóvel desejado por um investimento em uma carteira de ações que renda, em 15 anos, 12% ao ano (média) acima da inflação. Eles aplicam inicialmente o valor da entrada e, mensalmente, o valor da última prestação, quer chova ou faça sol! Desta maneira, poderão chegar a 1,5 milhão no mesmo período planejado para o financiamento. Com a diferença de 2 mil reais entre a primeira e última prestação, podem pagar o aluguel. Assim, viverão com liberdade financeira, podendo, se necessário, mudar para perto do trabalho ou, ainda, trocar de cidade para buscar melhores oportunidades. Mais tarde, poderão comprar a casa sonhada à vista, com padrão superior ao que iriam financiar 15 anos atrás.
E tem outra vantagem: uma década e meia é um bom prazo para os investimentos em ações. A chance de você conseguir rentabilidade, superior à usada para a simulação acima, é grande o bastante. Isso lhe permitirá fazer outras coisas de seu interesse ou antecipar o momento da compra.
Agora você decide: Você pode continuar a aplicar conceito antigos em um mundo novo ou se atualizar sobre o mercado financeiro. E mesmo diante da modernidade, você poderá continuar a amar e a respeitar os seus avós, mas fazer as coisas de modo diferente deles, não é mesmo?
Autor: Rogério Olegário do Carmo