Contratar um empréstimo pode ser uma ação relativamente fácil, dependendo das linhas de crédito pré-aprovadas que o seu banco te oferece. Às vezes, em apenas alguns cliques, o valor solicitado é rapidamente disponibilizado na conta corrente. Certas lojas de departamento oferecem crédito de maneira simplificada e rápida após um simples cadastro.
Em contraponto, com a relativa facilidade em contratar, há a responsabilidade do pagamento das parcelas e os impactos financeiros que um empréstimo gera: a queda da liquidez do salário e a carga de juros, que pode ultrapassar 100% do valor contratado.
Então, como fazer um bom contrato de empréstimo?
O primeiro passo é descobrir o valor que será necessário para a resolução do problema. Empréstimo deve ser efetivo, ou seja, o valor solicitado deve auxiliar a organizar a situação financeira de maneira definitiva. Não adianta pegar um empréstimo hoje e mês que vem entrar no cheque especial novamente.
Quando compramos um carro financiado, devemos levar em conta que, pelo tempo do contrato, teremos que pagar a parcela do financiamento, mas teremos, também, que arcar com o combustível, IPVA, manutenção e seguro daquele automóvel. Com um empréstimo para organizar a situação financeira, devemos raciocinar da mesma maneira. Você deve levar em consideração que se pegar R$ 20.000,00, a uma taxa de 3,02% ao mês (nominal), você terá uma parcela de R$ 850,04 reais para pagar por 48 meses, mas ainda terá que bancar todos os demais compromissos financeiros que você possui, como água, luz, telefone, etc. Assim, o valor que você irá solicitar (lembre-se de descontar o IOF e ficar atento caso embutam um empréstimo prestamista na mesma operação, isso pode reduzir o valor que será disponibilizado) deve caber dentro do seu orçamento e auxiliar à equilibrar as contas, se possível, reduzindo juros ou parcelas que estão sendo pagas.
É importante, para chegar ao valor ideal, levantar todas as dívidas que possui, listando-as com suas respectivas taxas de juros e saldos devedores (temos uma planilha incrível que pode te ajudar – Balanço Patrimonial), mas também todos os demais compromissos financeiros que se tem (aluguel, conta de luz, prestações, etc.). Também, é necessário que você tenha o seu orçamento financeiro bem detalhado, sabendo quanto cabe de prestação e, principalmente, limitando despesas do dia-a-dia, como lazer, vestuário, presentes, alimentação fora de casa e outras, para evitar um novo desequilíbrio financeiro. Assim, pode-se chegar a um valor ideal que caberá no orçamento gerando tranquilidade e não só dores de cabeça.
Existe algum outro valor que eu posso lançar mão antes de contratar um empréstimo? Por incrível que possa parecer, já atendi algumas pessoas que possuíam dinheiro em poupança, fundos de investimentos, previdências privadas e, ao mesmo tempo, tinham algum tipo de empréstimo contratado.
Quando as questionei o porquê, todas afirmara que tiveram medo de não conseguirem repor a reserva financeira após sacá-la: “se eu tiver um boleto, ou débito automático, eu pago! Mas reservar um valor por mês é mais difícil.”. Se não for uma linha de crédito subsidiada, afirmo que, em 99% das vezes, a taxa de juros, que você irá pagar no empréstimo, será maior do que a que o seu investimento está te remunerando, ou seja, você está perdendo dinheiro. Se você está nesta situação, a minha dica é: saque o valor da aplicação financeira, mas faça um compromisso consigo mesmo de repor este valor em um determinado tempo. Você ganhará dinheiro fazendo isso.
Além disso, ainda há outras alternativas: vender bens: a moto, o carro, o terreno, a casa, por que não? Embora muitas pessoas relutem muito ao serem confrontadas com esta possibilidade, é o modo mais fácil e rápido de sair do endividamento ou ajudar na redução das dívidas, concorrendo para um empréstimo menor e mais leve. Portanto, resgate aplicações financeiras, venda bens antes de pensar em um empréstimo.
Depois do valor determinado, e sabendo que não há outros valores disponíveis, levante todas as taxas acessíveis no mercado e busque a que tiver o menor CET. (Custo Efetivo Total) da operação. Operações que possuem garantia, como automóveis e imóveis, ou desconto em folha (os consignados), normalmente são as melhores taxas do mercado. As de mais fácil acesso, como cheque especial e CDC (Crédito Direto ao Consumidor), geralmente têm as taxas mais elevadas. Busque, também, contratar o empréstimo na menor quantidade de parcelas possíveis. Cabendo no seu orçamento, quanto menor o tempo, menos juros você irá pagar.
Levante o valor total que será pago ao final do contrato. Multiplique o valor da prestação pela quantidade de meses. Normalmente as pessoas não fazem esse cálculo e se espantam ao descobrir que irão pagar ao final do prazo de 15 a 100% a mais em juros do valor que pegaram. Esse susto é importante para a atenção necessária que esse tipo de operação necessita, ele faz com que as pessoas repensem e não fiquem com a visão míope somente sobre o valor da parcela.
E, tente, se possível, quitar esse contrato de crédito o quanto antes. Antecipando as últimas parcelas com valores que venham a surgir ao longo do tempo lhe proporcionará desconto dos juros futuros, alívio no orçamento e ganhos financeiros.
Por fim, mas não menos importante, mude o seu comportamento financeiro! Se você está precisando contratar um empréstimo, provavelmente, está gastando mais do que ganha, ou não planejou bem seus gastos ou não fez reservas quando deveria. Faça diferente a partir de agora! Não adianta tentar estancar o gasto com juros, se, daqui a pouco, for necessário a contratação de outro empréstimo. Repense seu comportamento e prioridades. Olhe para o seu passado, perdoe o que foi ruim e as pessoas envolvidas; agradeça o que foi bom e as pessoas envolvidas, pegue os aprendizados e olhe para o futuro. Coisas boas te esperam!